Capsulite Adesiva

INTRODUÇÃO

  • Também chamada de ombro congelado
  • É uma patologia inflamatória e autolimitada
  • CARACTERIZADA PELA DOR E REDUÇÃO DA MOBILIDADE ATIVA E PASSIVA DO OMBRO

EPIDEMIOLOGIA

  • Acomete normalmente indivíduos entre 40 a 70 anos, sendo rara antes dos 40 e depois dos 70
  • Mais comum no sexo feminino (70%).
  • Geralmente acomete indivíduos sedentários, não trabalhadores manuais.
  • O lado não-dominante é o mais envolvido
  • Raramente há recidiva no mesmo ombro, porém, lado contra-lateral é afetado em 20 -30 % dos casos. 14% dos casos acometimento bilateral simultâneo.

VÍDEO:

PATOLOGIA

  • A patologia encontra-se essencialmente na cápsula articular, que se encontra espessada, inelástica e friável.
  • Ocorre fibrose capsular
  • Processo se assemelha a contratura de Dupuytren. Processo inflamatório leva a processo fibrótico, com aumento local de colágeno tipo III.
  • O líquido sinovial é normal, entretanto o volume da articulação está diminuído para 3 a 15 ml, quando o normal é de 20 a 25 ml. DIMINUIÇÃO DO RECESSO AXILAR em exames de imagem.
  • Estruturas envolvidas: intervalo rotador (lig glenoumeral superior), cápsula do intervalo rotador, lig glenoumeral inferior, cápsula anterior e o ligamento coracoumeral.
    • Contratura da cápsula anterosuperior e intervalo rotador leva a limitação da rotação externa em adução
    • Contratura da cápsula anteroinferior e ligamento glenoumeral inferior leva a limitação da rotação externa em abdução
    • Contratura da cápsula posterior leva a limitação do adução e rotação interna.
    • Contratura da cápsula inferior leva a limitação de abdução.
    • Contraturas extra-articulares levam a perda global de movimentos.

ETIOLOGIA

  • A Capsulite pode se desenvolver de forma primária/idiopática(mais comum) ou secundária/adquirida (pós-traumáticas, cirúrgicas, lesões de manguito, tendinite calcárea).
  • Pode ocorrer concomitante a tendinopatias, DM, cardiopatias, doenças auto-imunes, TCE, doenças psiquiátricas/neurológicas (depressão, ansiedade, Parkinson, AVC), uso de medicamentos (anticonvulsivantes – barbitúricos, anti-retrovirais, fluoroquinolonas, isoniazida, nelfinavir), radioterapia, pós-cirurgias, doenças da tireóide (hiper ou hipo), doenças pulmonares (tuberculose, enfisema, bronquite), neoplasias.
  • Há autores que dizem que fator hereditariedade é de grande influência, porém, não foi encontrado nenhum gene relacionado até o momento.
  • DIABETES MELLITUS(DM): RISCOS 5X MAIOR.
  • Pacientes portadores de DM, geralmente apresentam capsulite mais agressiva, sendo esta de pior prognóstico e de mais longa duração na maioria dos casos. Quanto mais tempo em uso de insulina, maiores as chances de desenvolver.
  • Uso prolongado de imobilizações e cirurgias abertas são um fator de risco para capsulite.

QUADRO CLÍNICO

  • Ocorre restrição ativa e passiva dos movimentos de elevação, rotação externa e rotação interna.
  • Acometimento da rotação externa é o mais marcante, pois é essencial para atividades diárias.

FASES DA DOENÇA

  • 1º Fase – Aguda ou Hiperálgica ou inflamatória: a dor é o sinal/sintoma mais importante, associada a sintomas de DSR (2 a 9   meses)
  • 2º Fase- Enrijecimento ou Congelamento: o quadro de dor é reduzido e surge a rigidez no ombro (sequela da inflamação inicial, pode durar de 3 a 12 meses)
  • 3º Fase- Descongelamento: Há recuperação espontânea e progressiva do arco de movimento ± 24meses
    • As capsulites de origem secundária tem prognóstico melhor do que as de origem primária ou idiopática
    • O RX pode ser normal ou mostrar redução do espaço articular ou até osteoporose por desuso

DIAGNÓSTICO

  • É clínico, com limitação da movimentação ativa e passiva.
  • Exames de imagem servem para afastar diagnósticos diferenciais, principalmente artrose glenoumeral, a qual também pode levar a limitação ativa e passiva dos movimentos.
  • Lembrar que tendinite calcárea é muito associada a capsulite adesiva, principalmente em mulheres jovens.
  • Nenhum exame de imagem ou laboratorial é capaz de predizer prognóstico, duração, severidade da patologia.

TRATAMENTO

  • O tratamento clínico dura em média de 6 meses, mas podendo chegar a 2 anos.
  • Ocorre falha do tratamento conservador em cerca de 10% irão necessitar de tratamento cirúrgico

Tratamento conservador

  • Enfoque deve ser sempre melhora da dor e mobilização passiva para evitar perda de movimentos.
    • AINH, corticoide.
    • Bloqueio do nervo supra-escapular (até 15X)
    • Distensão hídrica da cápsula: eficácia ainda é questionada

Tratamento cirúrgico (Raro)

  • Manipulação sob anestesia(alto índice de recidiva)
  • Liberação artroscópica:
    • obs: Não deve ser realizado na fase inflamatória da doença.

PROGNÓSTICO

  • Fatores de bom prognóstico: membro dominante, forma idiopática
  • Fatores de mau prognóstico: insulino-dependentes,