Lesões do Manguito Rotador

INTRODUÇÃO

  • Afeta 10 % da população acima dos 60 anos. Rara em < 40 anos.
  • Está entre segunda e terceira queixa musculoesquelética mais frequente.
  • 65 – 70 % das dores do ombro são causadas pelo tendão do manguito rotador.

ANATOMIA

  • TENDÃO SUPRA-ESPINAL: age como principal depressor da cabeça umeral, impedindo sua ascensão.
  • TENDÃO INFRA-ESPINAL: é o principal rotador externo.
  • TENDÃO SUBESCAPULAR: é o principal rotador interno.
  • TENDÃO REDONDO MENOR: é um rotador externo, promove cerca de 20-45 % da força. É tido como tendão prognóstico para próteses reversas.

VÍDEO

Causas

  • É multifatorial. Sem relação com trabalho ou esforço repetitivo. Estes podem ser gatilhos para o desenvolvimento da patologia, mas não a causa. Cerca de 70 % dos pacientes que sofrem desta patologia são sedentários e nunca realizaram atividades braçais.
  • É uma patologia crônico-degenerativa.
  • FATORES EXTRÍNSECOS – inerentes a anatomia e ao meio
    • Forma do acrômio
    • Trauma
    • Síndrome do impacto (arremessadores – fase de desaceleração)
    • Tabagismo: piores resultados de cicatrização e reparo.
    • Diabetes
  • FATORES INTRINSECOS – inerentes ao tendão
    • Degeneração: redução da vascularização local
    • IDADE: é o fator mais importante
    • Presença da área hipovascular de Codman é discutível
    • Morfologia do acrômio – Classificação de Bigliani:
      • tipo I (plano)
      • tipo II (curvo): mais comum
      • tipo III (ganchoso)

CARACTERÍSTICAS

  • Lesões tendem a ser progressivas. Após 18 meses, quase 50 % dos pacientes apresentaram aumento das lesões.

LESÃO MACIÇA OU IRREPARÁVEL

  • Conceitualmente é aquela que afeta mais de um tendão OU lesão maior que 5 cm de um tendão.

CLASSIFICAÇÃO

  • PATTE: classifica grau de retração das lesões totais
  • LAFOSSE: classifica as lesões do tendão subescapular
  • ELLMAN: classifica as lesões parciais quanto a profundidade ou extensão de acometimento.
    • Grau I: < 3 mm de profundidade ou < 25 % da espessura do tendão.
    • Grau II: 3-6 mm de profundidade ou 25 – 50 % da espessura do tendão.
    • Grau III: > 6 mm ou > 50 % da espessura do tendão.

LESÕES PARCIAIS

  • BURSAIS: mais associada a etiologia extrínseca. 18 %
  • INTRA-TENDÍNEA: mais comum. 55 % dos casos.
  • ARTICULARES: mais associada a etiologia intrínseca. 27 %.
    • Descrita por Snyder como lesões PASTA (Partial Articular Side Tendon Avulsion)
    • Mais comum em atletas arremessadores na fase de desaceleração.
    • Local mais comum dessa lesão em atletas arremessadors é na junção do supra com o infra-espinal.
  • EVOLUÇÃO NATURAL: geralmente essas lesões tendem a evoluir. Segundo alguns artigos 80 % das lesões tendem a progressão, 10 % diminuíram e 10 % cicatrizaram.
  • DIAGNÓSTICO:
    • Exame físico detalhado.
    • Ultrassom: baixa sensibilidade para detecção de lesões parciais
    • Ressonância Magnética
    • Exame padrão ouro: ARTROSCOPIA
  • TRATAMENTO
    • CONSERVADOR: sempre deve ser o tratamento inicial, mesmo em atletas de ponta.
    • CIRÚRGICO: indicado na refratariedade do tratamento conservador.

ANATOMIA DO MANGUITO ROTADOR:

LESÃO TOTAL

FATORES PROGNÓSTICOS CIRÚRGICOS

  • 2 MAIS RELEVANTES: idade e tamanho da lesão
  • TEMPO DO INÍCIO DOS SINTOMAS: Reparo em pacientes com < 4 meses de sintomas geralmente tem melhores resultados. Pacientes com mais de um ano de sintomas geralmente possuem resultados um pouco piores.
  • NÚMERO DE TENDÕES ENVOLVIDOS: mais tendões envolvidos piores resultados
  • QUALIDADE DO TENDÃO: degeneração gordurosa, delaminação, atrofia são associados a piores resultados.
  • TAMANHO DA LESAO INICIAL: lesões grandes e mais retraídas tendem a piores resultados funcionais
  • IDADE: pacientes mais velhos tem menor cicatrização.
  • TABAGISMO: afeta cicatrização das lesões aumentando riscos de re-rotura.
  • TRAUMA: lesões traumáticas geralmente evoluem com melhores resultados após reparo. Reparo deve ser precoce
  • RESULTADOS CIRÚRGICOS
  • 94 % de bons resultados em 5 anos.
  • 83 % de bons resultados em 10 anos.

MATERIAIS

  • ÂNCORAS:
    • METÁLICAS: vantagem de conseguir ser visualizada ao RX, permitindo controle de soltura ou não de material de síntese. Desvantagem: maior fricção nos fios com maior risco de rompimento dos mesmos.
    • BIOABSORVÍVEIS: vantagem de causar menor fricção nos fios de sutura havendo menores riscos de rompimento dos mesmos. Desvantagem: não permite controle radiográfico.

TÉCNICAS

  • FILA ÚNICA/SINGLE ROW:
  • FILA DUPLA/DOUBLE ROW:
  • Estudos biomecânicos em cadáveres mostram que a sutura em DR é mais forte que a SR

Fonte: https://www.arthrex.com/pt/resources/animacao-para-a-educacao-do-paciente/8fbNDFntWE-mJQE7YnMWTw/suturebridge

ACROMIOPLASTIA

  • Não previne ocorrência de lesão do manguito rotador.
  • Procedimento discutível.

COMPLICAÇÕES

  • Média de 10,6 % de complicações totais
  • RE-RUTURAS: valores variam na literatura de 11 – 57 %
  • CAPSULITE ADESIVA
    • Incidência pos-operatoria varia de 4 – 10 %
  • INFECÇÃO
    • Incidência na literatura varia de 0 a 3,4%.